sábado, 22 de fevereiro de 2020

Leitora passageira - André Benatte

Esfarinhou-se
Ah! sorvida de toda água, de toda energia, de todo afeto.

Evaporada
Ciente da fragilidade intrínseca de si! Aqueceu, ferveu, secou.

Desejosa
E sempre tão disposta! Deliciou-se, indefesa, amável.

Aniquilada
Destruída por tudo de ruim e privada de tudo que é bom! Escorreu, fez fio, rompeu.

Endurecida
E tão pronta pra encarar a vida! Caiu, encharcou, apodreceu.

Arrependida
E num belo beco sem saída! Ajoelhou, sentiu, clamou.

Desesperada
Com toda adrenalina de quem foge! Saiu, correu, tropeçou.

Afastada
E nada pronta pra colher da vida... Foi-se sem olhar pra trás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário