domingo, 27 de março de 2022

Hiato

Algo no que diz parece

despedida. Essa é você fugindo?

Ou é mais um entretempo silencioso?

Algo no que espero é a silhueta

de um encontro. É minha dúvida gritando

ou sua incerteza murmurando?

É só mais um tempo? Um daqueles em que fingimos

que o cotidiano ocupa os segundos de algumas palavras?

É o conforto de não precisarmos lidar com as pairantes perguntas?

O silêncio grita. E o peito grita com o silêncio.

A reticência brada. Brada, clama e protesta em mim!

Demanda uma palavra a mais

que a torne diminuta.

Não sei se detesto pensar em versos

ou se aprecio versar a mente. 

Pois, é no vão do dessaber que mora

uma incerteza gelada e

uma esperança fervente. Ebulindo o desejo de um sussurro.

De um gemido.

E ainda que a calada não represente uma resposta

para as dores,

muitas delas falam baixinho na ausência da resposta. A calada

é uma resposta em si.

E por vezes ainda questiono se terei o benefício

da dúvida. Ainda que só me restem

dúvidas.

Dívidas alinhadas e divididas

para além das palavras.

Estímulos versados que querem ser 

abraço, calor, mordida e suspiro.

Ato. Anti-hiato.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Mortuary

Put some blood on it

and smear it all around.

Break some of your bones.

Bend over backwards! Perhaps you're not really trying?

Every last drop of you must be on it.

Takes some effort to disguise obsession

as true commitment. And it will hurt you deeply too!

All this red and white is your flesh laying there...

how about shaping it like a gentle breeze?