sábado, 16 de junho de 2012

Minha Desgraça - Álvares de Azevedo


Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter um eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco….

Não é andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro….
Eu sei…. O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro….

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
É ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

Horas vazias - André Benatte


Horas a fio
com lápis na mão
Tentando escrever,
mantendo-me são.

Horas de frio
tentando dizer
Não posso, não quero,
Não sei te esquecer.

Horas ingratas
que passo agora,
A dor que me mata
tão quanto outrora.

Horas compridas
me tiram a razão,
Pois insistes ficar
no meu coração.

Horas curtas
que tanto almejo
não tardam, começam,
Assim que te vejo.