Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar…
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar…
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar…
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar…
Estava perto do céu,
Estava longe do mar…
E como um anjo pendeu
As asas para voar…
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar…
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par…
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar…
quarta-feira, 26 de dezembro de 2018
terça-feira, 25 de dezembro de 2018
segunda-feira, 24 de dezembro de 2018
Saciedade - André Benatte
Se pudesse escolheria ter tudo.
Todas as cores e tablaturas
Desarranjos e sincronicidades.
Todas as praças e estruturas,
Visitaria todas as cidades.
Caminharia em todas as praias, vias e lojinhas de amenidades
(as mais fresquinhas e de melhor fragrância, por favor!)
As belezas proporcionadas aos olhos e o silêncio meditativo do próprio vento
acalmam as mentes agitadas e... finalmente vagas.
Indeciso? Não!
Apenas a plenitude do momento satisfaz a sede
com que tragamos a vida!
Paraíso sim!
E se mudasse de ideia,
Adeus, enfim.
Todas as cores e tablaturas
Desarranjos e sincronicidades.
Todas as praças e estruturas,
Visitaria todas as cidades.
Caminharia em todas as praias, vias e lojinhas de amenidades
(as mais fresquinhas e de melhor fragrância, por favor!)
As belezas proporcionadas aos olhos e o silêncio meditativo do próprio vento
acalmam as mentes agitadas e... finalmente vagas.
Indeciso? Não!
Apenas a plenitude do momento satisfaz a sede
com que tragamos a vida!
Paraíso sim!
E se mudasse de ideia,
Adeus, enfim.
sábado, 22 de dezembro de 2018
Eu com Duas Damas Vim. - Gregório de Matos
Mote
A mais formosa, que Deus.
Eu com dias Damas vim
de uma certa romaria,
uma feia em demasia,
sendo a outra um Serafim:
e vendo-as eu ir assim
sós, e sem amantes seus,
lhes perguntei, Anjos meus,
que vos pôs em tal estado?
a feia diz, que o pecado,
A mais formosa, que Deus.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2018
terça-feira, 18 de dezembro de 2018
Ideologia Divina - André Benatte
Ah, são!
São suaves e uniformes,
São conceitos, são manias,
ou disforme ideologia?
A verdade dos padres
ou a verdade dos profetas,
a verdade do munto inteiro
é só a duvida do poeta.
Imagine por um segundo
o Deus-Todo-Poderoso,
Ele diz: "É o fim do mundo!
Tudo acaba ao poente!
Não quero mais ser idoso!"
Imagine só o susto
daquele que esbarrar
em um Deus adolescente.
São suaves e uniformes,
São conceitos, são manias,
ou disforme ideologia?
A verdade dos padres
ou a verdade dos profetas,
a verdade do munto inteiro
é só a duvida do poeta.
Imagine por um segundo
o Deus-Todo-Poderoso,
Ele diz: "É o fim do mundo!
Tudo acaba ao poente!
Não quero mais ser idoso!"
Imagine só o susto
daquele que esbarrar
em um Deus adolescente.
domingo, 16 de dezembro de 2018
FANATISMO - Florbela Espanca
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa... ”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim! ... ”
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!
“Tudo no mundo é frágil, tudo passa... ”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim! ... ”
sexta-feira, 14 de dezembro de 2018
Coabitar - André Benatte
Amigos ou agressores,
Algozes e perseguidos,
Juras de morte ou de amores,
Vossas senhoras e seus maridos.
Beleza e terror da coexistência
Sob o mesmo azul sorver o ar
Unidos em temor e coerência!
Sobre a mesma celeste pisar.
Ah, ser único é beber de outras fontes!
Daquele que o fere ou faz falta
É planar por outros horizontes
Ser tão livre quanto um astronauta.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2018
Tu e Eu - Luis Fernando Veríssimo
Somos diferentes, tu e eu.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu,fão.
Eu,fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu,tano.
Eu,femismo.
Tens forma e graça
e a sabedoria de só saber crescer
até dar pé.
Eu não sei onde quero chegar
e só sirvo para uma coisa
- que não sei qual é!
És de outra pipa
e eu de um cripto.
Tu, lipa
Eu, calipto.
Gostas de um som tempestade
roque lenha
muito heavy
Prefiro o barroco italiano
e dos alemães
o mais leve.
És vidrada no Lobão
eu sou mais albônico.
Tu,fão.
Eu,fônico.
És suculenta
e selvagem
como uma fruta do trópico
Eu já sequei
e me resignei
como um socialista utópico.
Tu não tens nada de mim
eu não tenho nada teu.
Tu,piniquim.
Eu,ropeu.
Gostas daquelas festas
que começam mal e terminam pior.
Gosto de graves rituais
em que sou pertinente
e, ao mesmo tempo, o prior.
Tu és um corpo e eu um vulto,
és uma miss, eu um místico.
Tu,multo.
Eu,carístico.
És colorida,
um pouco aérea,
e só pensas em ti.
Sou meio cinzento,
algo rasteiro,
e só penso em Pi.
Somos cada um de um pano
uma sã e o outro insano.
Tu,cano.
Eu,clidiano.
Dizes na cara
o que te vem a cabeça
com coragem e ânimo.
Hesito entre duas palavras,
escolho uma terceira
e no fim digo o sinônimo.
Tu não temes o engano
enquanto eu cismo.
Tu,tano.
Eu,femismo.
segunda-feira, 10 de dezembro de 2018
Cordel de afeto - André Benatte
Dei-lhe a túnica,
e um trono em mim,
vivi sorrindo assim:
fiz de ti a única.
Conto de fadas
Você, pequena princesa,
Abafou a chama acesa:
Devoções sufocadas!
Foi furar-se com a roca proibida.
Assassinou a confiança,
a afeição e a lembrança!
Partiu desta vida.
Traiu-se,
Um pedaço meu levou.
Matou-se,
Como bruxa retornou.
e um trono em mim,
vivi sorrindo assim:
fiz de ti a única.
Conto de fadas
Você, pequena princesa,
Abafou a chama acesa:
Devoções sufocadas!
Foi furar-se com a roca proibida.
Assassinou a confiança,
a afeição e a lembrança!
Partiu desta vida.
Traiu-se,
Um pedaço meu levou.
Matou-se,
Como bruxa retornou.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
Bilhete - Mario Quintana
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...
domingo, 2 de dezembro de 2018
Instantaneamente - André Benatte
É necessário correr, e é necessário que seja rápido!
As frações de segundos são extremamente importantes.
Seja para o prazer ou para a dor
é primordial que algo aconteça.
Sem ritmo,
nem natureza.
Nuca arqueada, braços flexionados, olhos vidrados.
Dual necessidade de aprovação e endorfina.
Perder a vida para ganhar a audiência.
A beleza que pode ser apreciada é a mesma
que lhe aferrolha os grilhões!
Tudo em busca do próximo toque na tela
que lhe proporcionará o aplauso de um desconhecido...
qualquer.
As frações de segundos são extremamente importantes.
Seja para o prazer ou para a dor
é primordial que algo aconteça.
Sem ritmo,
nem natureza.
Nuca arqueada, braços flexionados, olhos vidrados.
Dual necessidade de aprovação e endorfina.
Perder a vida para ganhar a audiência.
A beleza que pode ser apreciada é a mesma
que lhe aferrolha os grilhões!
Tudo em busca do próximo toque na tela
que lhe proporcionará o aplauso de um desconhecido...
qualquer.
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